As diversas alterações na tonalidade da epiderme são chamadas de discromias, que são divididas em manchas mais claras (hipocromias) ou mais escuras (hipercromias) do que a cor normal da pele. As hipercromias são caracterizadas por desordens de pigmentação, que têm origem numa produção exagerada de melanina. Essas manchas podem surgir devido a fatores como envelhecimento, alterações hormonais, inflamações, alergias e exposição solar, dentre outros. O tratamento das desordens hiperpigmentares é realizado à base de substâncias despigmentantes ou clareadoras da pele. Cada agente clareador possui características próprias que interferem na efetividade da sua ação. Características físicas, químicas, terapêuticas, microbiológicas e toxicológicas devem ser observadas no momento da escolha.
Falando um pouco dos ácidos mais utilizados:
1- Ácido kójico é uma substância produzida por um cogumelo japonês chamado Koji, que é usado também na fermentação do arroz para produção de saquê. A vantagem do ácido kójico é que ele não é fotossensível, ou seja, não mancha se a pele é eventualmente exposta ao sol. Por isso pode ser usado inclusive durante o dia. Além do seu efeito despigmentante, o ácido kójico também atua como antisséptico impedindo a proliferação de fungos e bactérias na pele. Ele também tem ação antioxidante ajudando na prevenção do envelhecimento cutâneo e pode ser usado em formulações junto com ácido glicólico, vitamina C, entre outros ativos. É possível observar o efeito do ácido kójico, após duas a quatro semanas de uso contínuo, mas pode demorar mais em indivíduos com pele oleosa ou muito espessa. Os resultados vão melhorando à medida que se continua a aplicação por até 6 meses. Este ácido é muito utilizado em produtos home care (a domicilio).
2-O ácido glicólico ou ácido hidroxiacético é o mais simples representante dos alfahidroxiácidos e pode ser encontrado na cana de açúcar, beterraba, uva, alcachofra e abacaxi. O ácido glicólico atua no tratamento de hipercromias, através de seu efeito esfoliativo, reduzindo a pigmentação excessiva na área tratada, sem afetar diretamente a melanina. Encontra-se normalmente associado a outros agentes despigmentantes em produtos pelo seu poder de renovação celular, hidratação e pelo grande poder rejuvenescedor.
3- Ácido retinóico, vitamina A ácida ou ainda conhecido com tretinoína, é uma substância lipossolúvel que necessita da presença de uma proteína específica (CRABP) para ser transportado, cujos níveis são maiores na epiderme do que na derme. O ácido retinoico é muito usado no tratamento da acne, complementando os demais tratamentos. Apesar de não curar completamente o excesso de oleosidade da pele, ameniza o problema e costuma ter uma ação bastante duradoura após o tratamento. Nas pessoas com acne, os poros da pele entopem com maior facilidade o que leva à formação dos cravos (comedões) e espinhas. Isso por que ocorre queratinização anormal dos poros, ou seja, um excesso de queratina em suas paredes internas, fechando-os. O ácido retinoico normaliza a queratinização dentro dos poros e impede esse entupimento, evitando o aparecimento de novas lesões de acne. Melhora a textura da pele, o que ajuda também no tratamento das cicatrizes de acne.
4- A hidroquinona (1-4-dihidroxibenzeno) é o agente clareador mais conhecido e atua através da inibição da tirosinase (interfere na formação e degradação de melanossomas), outros mecanismos envolvidos são a diminuição da atividade proliferativa dos melanócitos a partir da inibição da síntese de DNA e RNA no seu interior, interferência na formação e degradação de melanossomas e a destruição de melanócitos. Por apresentar efeito citotóxico sobre os melanócitos, a hidroquinona pode causar irritações cutâneas como queimação e vermelhidão e em altas concentrações ou uso contínuo podem levar a morte do melanócito. Os efeitos da despigmentação podem ser observados após poucas semanas ou meses e sua eficácia depende da concentração usada, da estabilidade e do veículo incorporado. É necessário o uso de filtros solares durante e após o tratamento para evitar recorrência de pigmentação.
5- Ácido Fítico tem uma ação inibitória sobre a tirosina (enzima que atua na produção dos pigmentos de melanina), sendo por isso utilizado como despigmentante. Possui também ação anti-inflamatória, hidratante e antioxidante, combatendo os radicais livres que causam o envelhecimento. Mesmo sendo um potente clareador, pode ser utilizado em peles sensíveis, bem branquinhas ou em peles que passaram por agressões que a sensibilizaram, já que possui forte poder hidratante também.
6- Alfa Arbutin é um clareador cutâneo tópico, utilizado no tratamento de hipercromias. Promove clareamento e homogeneidade da tonalidade cutânea em todos os tipos de pele. Quimicamente, é um alfa-glicosídeo de hidroquinona. Possui maior eficácia e estabilidade em relação ao Beta Arbutin. Alpha Arbutin é um ingrediente ativo puro, biossintético. Um clareador com grande diferencial, clareia e promove um tom uniforme em todos os tipos de pele. Atua bloqueando a biossíntese epidermal da melanina, através da inibição da oxidação enzimática da tirosina, a DOPA. A ligação alfa-glucosídeo oferece uma estabilidade e eficácia maior a molécula. Isto leva à um ativo clareador da pele que atua de forma mais rápida e eficaz, minimiza as manchas já existentes e reduz o grau de bronzeamento da pele após exposição UV.
7- Ácido Tricloroacético (ATA): Usado em peelings, retira a camada superficial da pele dando lugar a uma nova. Tem efeito agressivo, criando uma crosta que permanece por cerca de dez dias, para depois surgir uma nova, bastante vermelha e sensível. É preciso fugir do sol por três meses.
8- Azeláico é um agente que age na mitocôndria da célula, atua como inibidor competitivo da tirosinase. É indicado para melasma, cloasma, acne, síndromes melanóticas, hiperpigmentação. Podendo ser utilizado nos meses de maior insolação. Demonstra-se que o ácido azeláico é um medicamento de uso tópico eficaz e seguro para o tratamento de acne vulgar nos seus graus leves e moderados, sendo praticamente desprovido de efeitos adversos locais e sistêmicos.
9- Ácido Mandélico é um dos AHA´S de maior peso molecular, favorecendo um efeito
uniforme, o que também minimiza os transtornos comuns da aplicação de AHA`S sobre a pele. Apresenta semelhança química com o ácido salicílico com sua ação antisséptica somada às atividades dos AlfaHidroxiácidos. Tem sido estudado exaustivamente para ser usado em tratamentos de desordens da pele como fotoenvelhecimento, pigmentação irregular e acne. Ele é mais lento por ter peso molecular maior mas é mais segura em comparação com outros ácidos.Indicações: tratamento de acne, hiperpigmentação, rejuvenescimento da pele fotoenvelhecida, pré e pós peeling ou cirurgia a laser, tratamento de estrias.
10- Ácido salicílico é um beta-hidroxiácido com propriedades queratolíticas e é aplicado topicamente no tratamento de patologias com escamação da pele, como caspa, dermatite seborreica, ictiose, psoríase e acne, também possui propriedades antifúngicas, sendo utilizado no tratamento de infecções cutâneas. Muito recomendado para a limpeza dos poros, no caso de oleosidades e acne sendo ele e o ácido glicólico os mais utilizados em sabonetes líquidos.
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